Lançado a 26 de Agosto, tá aí o terceiro álbum dos Bombay Bicycle Club. Três albuns em dois anos! A estes, a crise não lhes assiste. E continuam a crescer na minha (nossa?) consideração.
Era uma vez um daqueles gajos que se perde nas histórias e nunca chega ao motivo que o levou a contar a história em primeiro lugar - chamemos-lhe Joca. O Joca era um exemplo acabado daquele tipo de gajos - príncipes do "por falar nisso", reis do "aliás" - com quem não se consegue ter uma conversa com principio, meio e fim. O princípio não é mais que um pontapé-de-saída (normalmente dado por nós), o meio é pouco disputado e muito mastigado e o fim, com o Joca, é uma miragem - uma espécie de oásis do diálogo. Um "em resumo" ou um "concluindo" que aparece bem pequenino lá ao longe, mas que, invariavelmente, desaparece à medida que nos aproximamos.
- Como é que é Joca? 'Tás' bom? Olha lá, que é que achaste do segundo álbum dos Bombay Bicycle Club? - a "bola" já rola....
- Qual? O Flaws? - pergunta o Joca, já de olhos a brilhar com a perspectiva de uma emissão de opinião.
- Si....
- Epa, o Flaws conquistou-me ao primeiro acorde da "Rinse Me Down" - interrompe o Joca, arrancando antes mesmo que o semáforo encarnado se apagasse - Se é verdade que só se tem uma oportunidade para causar uma primeira impressão, os BBC não a desperdiçaram com o segundo álbum... aliás... se estamos a falar de um segundo álbum, então já não pode ser uma primeira impressão não é?!
- Poi...
- Não! Espera lá... não pode ser! - responde o Joca à sua própria pergunta que, na verdade, não ambicionava resposta. Era retórica, como o Joca tanto gosta - A primeira impressão, neste caso, é relativa ao álbum e não aos BBC. Por isso, sim! Posso dizer que a primeira impressão que tive do Flaws, com a "Rinse Me Down", não podia ser melhor.
- Faz sentid...
- O álbum é numa onda muito mais calma que o primeiro... Sabes que eu - pressinto a chegada de mais uma pergunta retórica -, normalmente não gosto de bandas que mudam muito de álbum para álbum!? Acho que as bandas se devem manter fiéis à sua identidade e fazer aquilo que fazem bem e que me levaram a gostar deles.
- Pois, eu pessoalme...
- Mas ao mesmo tempo, quando ouvi este álbum fiquei logo agarrado, mesmo sendo um álbum claramente diferente do primeiro.
- O Flaws, realmente é um álbum muito mais...
- ...parece ser mais pensado, mais sentido, mais... adulto. A "Ivy & Gold", por exemplo, é uma música que tem uma guitarra cujos acordes são muito simples mas que lhe dão uma identidade totalmente distinguível... se pensarmos bem, se não fosse distinguível, não era uma identidade - aponta o Joca com um indisfarçável regozijo com a sua própria sagacidade e que se manifesta apenas num riso simulado, ao ritmo de vários "encolheres" de ombros sucessivos - Mas, dizia eu, aquela guitarra é impecavelmente bem tocada. Fez-me lembrar o mestre Paredes.
- Isso talvez seja um bocado exage...
- Por falar nisso, acho que todo o álbum tem muito de Carlos Paredes. Será que ele esteve envolvido na produção do álbum?
- Epa o Carlos Paredes já morr...
- Ai não! Não pode ser! O gajo já morreu meu! Que pena... o gajo era um artista. Diziam que fazia a guitarra chorar e eu percebo. Aquilo nem era chorar. A gaja desatava num pranto às vezes... era incrível. Gostas de Carlos Paredes?
- Por acaso gosto.
- O gajo era fabuloso... pois era... o Grande Carlos Paredes... saudades... do que é que nós estávamos a falar...?
"Se se quer sempre ouvir a mesma coisa, as bandas não gravavam álbuns novos nem tentavam registos diferentes [sobre The Suburbs]"
Xico Dollar
Sem apresentações necessárias, Bombay Bicycle Club, acabam de atirar às feras melómanas, queya se habían quedado sorprendidas conI Had The Blues But I Shook Them Loose , o fresquíssimo Flaws. Não é melhor nem pior mas sim desigual - mesmo não tendo um registo totalmente diferente - e não deixa de ser um álbum enorme. Mais puro, mais calmo, com mais folk à flor da pele e, a meu ver, menos moderno mas nem por isso um trabalho a não explorar, mesmo com o 4.0 estampado pela Pitchfork. Pelo que fui cuscando falou-se de que o seu concerto em Glastonbury foi um dos melhores momentos do John Peel Stage (o melhor palco onde já vi um concerto - sim, também Morales), que vale a pena dar uma vista de olhos. Aos que estiveram presentes, já agora, que deêm o seu parecer.
Ivy & Gold.
Em segundo, sem nunca querer descurar a nova versão acústica de Dust On The Ground do seu debut, Rinse Me Down (em jeito de Blogoteque).
aproveito o esquecimento de Morales e a dica do Xico Dollar para postar esta banda do norte de Londres, que se iniciaram em 2006 em festivais caseiros (como Old Blue Last ou Lark in the Park), e lancaram em Junho ultimo o seu primeiro album "I Had the Blues But I Shook Them Loose' com estes singles:
42 minutinhos de bom som misturado de uma maneira minimamente aceitavelzinha. O objectivo era ter o máximo de sons desconhecidos do blog. Vale a pena nem que seja para ouvir o 1º som...
Playlist:
Bombay Bicycle Club - The Hill Generationals - Nobody Could Change Your Mind The Penelopes - Stuck in La La Land Friendly Fires - Ex Lover Green Go - Put Your Specs On Boy Bird Talk - Crown & Coke (Do it, Do it) Sunshine - Top! Top! Radio Plastic Passion - Not Art Niccokick - The Poet whomadewho - Keep It In My Plane Das Pop - Never Get Enough
(afinal quem mencionou 1º Bombay Bicycle Club foi o Montaña... Abutres, cambada de abutres!!)