O lado de cá

Há uns tempos atrás eu não ouvia música. Tempos, que não são assim tão longínquos, têm um pouco mais de meia dúzia de anos. Seria feliz? – Acho que é a primeira pergunta que me faço quando penso no assunto e a resposta não é assim tão difícil – Era. Mas era menos.

Sempre vivi com um palco em minha casa, música ao vivo para dar e vender. Prateleiras cheias de boa música, álbuns (era pré Mp3), revistas, jornais e livros sempre preencheram um dos lados do meu quarto mas não o meu. Talvez este constante soar de acordes acompanhados de letras e precursão não despertaram durante a minha infância e juventude a vontade e curiosidade de descobrir isto. O Mundo da música. O mundo em que o meu irmão vivia…

Será que ele expulsava-me do quarto quando pegava na guitarra e começava a tocar o solo de Master of Puppets dos Metallica? Ou que me chamava para mostrar a distorção que a sua primeira guitarra eléctrica conseguia “amandar”? Nem uma nem outra. Simplesmente, eu saía ou não entrava, neste pequeno e improvisado estúdio que seria a rampa de lançamento para a sua pequena mas existente carreira musical.

Carreira esta que me orgulho de presenciar do lado de cá. Do lado dos copos e concertos. Do lado dos saltos e do “coro”.

Do lado de quem não faz ideia o que é um Lá Sustenido mas sabe perfeitamente onde tem de estar. Do lado de cá do festival…

Tresporcento - Lantejoulas
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