terça-feira, 3 de maio de 2011

Bombay Bicycle Club - Dust On The Ground


Era uma vez um daqueles gajos que se perde nas histórias e nunca chega ao motivo que o levou a contar a história em primeiro lugar - chamemos-lhe Joca. O Joca era um exemplo acabado daquele tipo de gajos - príncipes do "por falar nisso", reis do "aliás" - com quem não se consegue ter uma conversa com principio, meio e fim. O princípio não é mais que um pontapé-de-saída (normalmente dado por nós), o meio é pouco disputado e muito mastigado e o fim, com o Joca, é uma miragem - uma espécie de oásis do diálogo. Um "em resumo" ou um "concluindo" que aparece bem pequenino lá ao longe, mas que, invariavelmente, desaparece à medida que nos aproximamos.

- Como é que é Joca? 'Tás' bom? Olha lá, que é que achaste do segundo álbum dos Bombay Bicycle Club? - a "bola" já rola....
- Qual? O Flaws? - pergunta o Joca, já de olhos a brilhar com a perspectiva de uma emissão de opinião.
- Si....
- Epa, o Flaws conquistou-me ao primeiro acorde da "Rinse Me Down" - interrompe o Joca, arrancando antes mesmo que o semáforo encarnado se apagasse - Se é verdade que só se tem uma oportunidade para causar uma primeira impressão, os BBC não a desperdiçaram com o segundo álbum... aliás... se estamos a falar de um segundo álbum, então já não pode ser uma primeira impressão não é?!
- Poi...
- Não! Espera lá... não pode ser! - responde o Joca à sua própria pergunta que, na verdade, não ambicionava resposta. Era retórica, como o Joca tanto gosta - A primeira impressão, neste caso, é relativa ao álbum e não aos BBC. Por isso, sim! Posso dizer que a primeira impressão que tive do Flaws, com a "Rinse Me Down", não podia ser melhor.
- Faz sentid...
- O álbum é numa onda muito mais calma que o primeiro... Sabes que eu - pressinto a chegada de mais uma pergunta retórica -, normalmente não gosto de bandas que mudam muito de álbum para álbum!? Acho que as bandas se devem manter fiéis à sua identidade e fazer aquilo que fazem bem e que me levaram a gostar deles.
- Pois, eu pessoalme...
- Mas ao mesmo tempo, quando ouvi este álbum fiquei logo agarrado, mesmo sendo um álbum claramente diferente do primeiro.
- O Flaws, realmente é um álbum muito mais...
- ...parece ser mais pensado, mais sentido, mais... adulto. A "Ivy & Gold", por exemplo, é uma música que tem uma guitarra cujos acordes são muito simples mas que lhe dão uma identidade totalmente distinguível... se pensarmos bem, se não fosse distinguível, não era uma identidade - aponta o Joca com um indisfarçável regozijo com a sua própria sagacidade e que se manifesta apenas num riso simulado, ao ritmo de vários "encolheres" de ombros sucessivos - Mas, dizia eu, aquela guitarra é impecavelmente bem tocada. Fez-me lembrar o mestre Paredes.
- Isso talvez seja um bocado exage...
- Por falar nisso, acho que todo o álbum tem muito de Carlos Paredes. Será que ele esteve envolvido na produção do álbum?
- Epa o Carlos Paredes já morr...
- Ai não! Não pode ser! O gajo já morreu meu! Que pena... o gajo era um artista. Diziam que fazia a guitarra chorar e eu percebo. Aquilo nem era chorar. A gaja desatava num pranto às vezes... era incrível. Gostas de Carlos Paredes?
- Por acaso gosto.
- O gajo era fabuloso... pois era... o Grande Carlos Paredes... saudades... do que é que nós estávamos a falar...?

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4 comentários:

O.M.N.I. disse...

Conversa do catano (lol).
Easy incredible!

Mecas disse...

adoro estes manos. É o que me vai custar perder quando não estiver cá para ir ao Alive!
Adoro todo o 1º album!!

Duarte Mendonça disse...

is that ancientttttt loveeeee! ia postar isto amanha ou depois! é um granda somm

Kiko Pedreira disse...

Odeio o filha da puta do Joca.