O alarme berrava e já ninguém ouvia o alarme a berrar. A campainha, estridente e incansável, já fazia parte do som ambiente a que os ouvidos, viciados, se habituaram. Igualmente viciado, aquele ar ondulante, que desfocava a visão, invadia os pulmões de quem o permitia e devolvia uma tosse desesperada. Com cada inspiração vinha uma força avassaladora que empurrava as têmporas, como que a querer juntá-las, e que impedia a concentração em qualquer coisa que não o facto de o crânio estar prestes a ceder. Era, normalmente, nessa altura que os joelhos atingiam o chão. As mãos não saíam mais da cabeça e os dedos puxavam o cabelo como que para aliviar a dor. Mesmo não cedendo à força compressora que sobre si era exercida, o cérebro apagava-se em lenta agonia. A tosse, trazia agora consigo restos de um organismo que capitulava sem dar luta para além daquela que apenas o tempo consegue dar. Quatro minutos de luta. Perdida. Sempre.
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3 comentários:
bom som e grande história!
a combinacao do video, historia e musica e aterrorizador. Quase que viajo para la
Este som acompanhou-me hoje o dia todo. Trouxe-me a este post que já não me lembrava de ter feito.
Good times!!
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