quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lykke Li - Wounded Rhymes

José Montaña já tinha embrulhado Love Out Of Lust num "On-The-Go" onde tal cançoneta acabou por não ser encontrada com o merecido louvor. Armo agora aqui a parada que traz Lykke Li (em linguagem fonética escrita: li e não laiqui) em pose épica e pomposa, com os braços erguidos enquanto segura com as duas mãos, vangloriando-se, o seu novo disco - Wounded Rhymes -, com sorriso digno de desfile real. Se ainda me acompanham podemos até imaginar-lhe os confetis a sobrevoar o carro, que se desloca em marcha lenta, os flashes contínuos e as forças policiais com dificuldades em resistir à multidão que não vê com maus olhos um dia atrás das grades se puder tocar em Li. Só tocar. Wounded Rhymes, coerentemente incoerente, passo o pleonasmo distorcido, é isso mesmo: grandioso. Canções fantasiosas que falam sobre sentimentos reais, conduzidas por uma sequência narrativa que não se importa de passar abruptamente da delicadeza acústica a momentos onde o caos invade o ritmo sem qualquer cordialidade. Ou mesmo onde baladas profundas dão lugar a campos mais electrónicos, sempre com respeito.

Falo claro de passagens como de Unrequited Love para Get Some - a canção pop que Lady Gaga sempre sonhará escrever - que trazem a bipolaridade criativa de Lykke à camada mais exterior da epiderme deste trabalho. Youth Knows No Pain no começo, talvez por ser o tema que mais vai beber a Youth Novels (2008), é uma intro para uma veia mais caeira da artista sueca que dilui percursos amorosos com as correntes das águas no single I Follow Rivers. Daí seguem-se declarações de amor à tristeza em Sadness Is A Blessing a explicar então a sua faceta menos luminosa e desconsolada que vai sendo exposta ao longo do disco; e abre-se caminho a dois enormes momentos na (quase) despedida: I Know Places e Jerome. Depois da calmia e emoção da primeira sente-se o sabor da bonança que se segue à tempestade mas nada que Li Zachrisson nunca tenha feito, então neste disco, é trocar-nos as voltas. E é aí que entra Jerome. O final não é feliz, também não é triste ou não é sequer um final. Um disco carnal em que o sentimento é tocado nos dez temas, um turbilhão de emoções cantado por uma voz gigante.



1 comentário:

Morales disse...

lol, és um freak!

(é uma pena não haver registos teus do concerto desta gaja em Glasto)