"Hey Bob I'm looking at what Jack was talking about and it's definitely not a particle that's nearby. It is a bright object and it's obviously rotating because it's flashing, it's way out in the distance, certainly rotating in a very rhythmic fashion because the flashes come around almost on time. As we look back at the earth it's up at about 11 o'clock, about maybe ten or twelve diame...Earth diameters. I don't know whether that does you any good, but there's something out there."
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Esta apanhei-a por aí sem destino e a batida acompanhou-me o resto do dia.
Grandes histórias são aquelas que têm a relevância suficiente para serem lembradas e abordadas um dia mais tarde. Desde as noites de grandes bezanas até às enormes coincidências, passando pelas vezes que fomos parados em operações stop à simples queda repentina de um amigo, tudo o que nos faz sentir alguma coisa relevante é, um dia mais tarde, válido para ser recordado.
Hoje parei para ouvir Mechanical Bull, a nova "obra" de Kings of Leon, uma banda que sempre admirei, detentora de muitas dessas histórias, espalhadas pelos seus três primeiros álbuns.
Assistir ao declínio de uma banda que se gosta é o momento muito triste na vida de uma pessoa.
Começas a pensar com nostalgia nos bons momentos que já passaste com as histórias que a banda um dia te contou, vais até aquelas histórias médias que apenas são usadas quando não há assunto e acabas sem nada para dizer, sem contribuição a dar.
Os Kings of Leon foram, em tempos, o meu soundtrack diário. Os dias passados a ouvir míticas histórias como Fans, Milk ou Joe's Head, fazem parte de uma era musical bastante marcante na minha vida, onde tudo nesta banda era interessante. Cheguei a ir a segunda vez a Madrid, depois do cancelamento da primeira, só para os ver.
Mas o mercado da música pede mais.
Pede que a banda atinja mais pessoas, mesmo que para isso tenha de perder todo o seu DNA.
Hoje, os Kings of Leon já não são os Kings of Leon.
São apenas uma banda de rock comercial sem grandes histórias para contar.
E quem não tem histórias acaba por nunca mais ser recordado.
Sobram os fãs como eu e muitos outros, que têm boa memória musical e ainda conseguem recordar histórias antigas, prestes a virar Estórias.
Fui apanhado de surpresa com o lançamento do novo álbum de Crystal Fighters.
Já empaquei neste som que vos mostro em seguida. Som alegre, bem disposto que põe qualquer fessoa a abanar. Vale a pena ouvir já, especialmente sendo hoje uma sexta feira...
Mais uma melodia belíssima do último álbum destes senhores.
A parte final, a partir do minuto 2:49, é das melhores guitarradas tugas que já me passaram pelos ouvidos.
Incrível.
All The Little Lights é, acima de tudo, uma viagem. Uma viagem calma, onde todos os problemas do quotidiano são atirados para trás das costas e nos sentamos numa chaise longue, enquanto bebemos uma bebida bem colorida e boiola sem nos importarmos com isso. É uma viagem tão tranquila, mas tão tranquila, que nem o seu planeamento nem a nostalgia seguinte são problemas. É a chamada viagem de uma vida, onde nos entregamos como um todo e esquecemos tudo o que está para trás. É um começar de novo e um novo começar. O realizar que a vida não é um jogo e que todos os momentos são para ser aproveitados. É a realização de um sonho constante. É águas transparentes, é areias brancas, é vistas de tirar a respiração e é a Natureza no seu estado mais puro. All The Little Lights é uma viagem calma, mas séria. Uma viagem onde só se compra bilhete de ida e onde cada qual se torna seu permanente passageiro.
It's a lonely night. Everybody's happy. Been turning around. Looking for a friendly light. But I see nothing. No eyes, no eyes on me. Versão oficial aqui.
Ouvi isto uma vez num aviao (acho eu), e escrevi o pouco que apanhei das lyrics no meu caderno, para depois ir a procura no Google e ver de que musica se tratava. As tantas o tempo passou e nunca mais me lembrei, e acabei por me nao investigar. Recentemente vi um anuncio da Guinness (segundo video) que me trouxe de novo este som. Fui, desta vez sim, ver ao Google, e eis o som. Adoro. Tambem adoro a performance do Patrick Watson nas vocals que me lembra os antigos The Gadsdens, excelente banda que estranhamente nao chegou a vingar. Acrescente-se que evidentemente tambem adoro o anuncio. Tambem gusto de Guinness por acaso, mas isso ja nao interessa nada, no contexto deste post, que em principio nao tem nada a ver com cerveja.
Ja agora: a musica e calminha e demora um bocado a arrancar. Se estiverem com pouco tempo ou, em linhas gerais, simplesmente ansiosos, comecem pelo anuncio, que demora menos tempo e vai straight to the point.
Já chego atrasado a esta festa, eu sei. Mas, se ainda me deixarem entrar, permitam-me que vos diga que esta Humiliation, daqueles gajos que não sabem fazer música assim-assim, acaba de se tornar no cartão de visita da mais recente obra, Trouble Will Find Me. O concerto do pavilhão atlântico aproxima-se perigosamente e eu já estava com medo de não ter uma novidade para dar aquele interessezinho (é um "interesse" mas mais pequeno, visto que o verdadeiro interesse está lá sempre, intocado) à enésima vez em que Berninger me inebria com com a sua bezana/arte.
Esta foi a primeira que, depois de entrar, teima em não sair. Já ouvi dizer que a que se lhe segue (Pink Rabbits) também é boa, mas ainda não cheguei lá. Soon...
Experimentem colocar uns bons headphones nos ouvidos ou, se estiverem sozinhos, ligar este som a umas boas colunas. Não é para ouvir só com um auricular de iphone colocado no ouvido direito, isso é de paneleiro. Também não é para ouvir baixinho, quando mal se ouve a música, para não incomodar os outros ou não desconcentrar. Isso é de paneleiro também.
Ouvir isto bem alto, com um som de qualidade e durante 2:55 não pensar em nada. Digam-me se à medida que o som vai correndo, o vosso pé não vai batendo cada vez com maior intensidade no chão, as baquetas imaginárias da bateria, que surgiram do nada nas vossas mãos, não vos obrigam a acompanhar um ritmo que vocês jamais imaginariam conseguir atingir, se a vossa cabeça não abana descontroladamente ao ponto de se alguém estiver a observar, estará seguramente impávido e sereno a olhar para vocês pensado: "quem é este maluquinho?"
Se não vos aconteceu nada disto, voltem a pôr no ouvido apenas o auricular direito, baixem o som para não incomodar as pessoas e o vosso sensível tímpano e ponham play no álbum de Michael Bolton que estará seguramente no vossa playlist.
Foi ao som desta música que Sixto Rodriguez se apresentou a um público Sul Africano em êxtase depois de anos a fio esquecido no anonimato. Anos e anos em que viveram apenas com a informação da existência de 2 álbuns e um cold fact (macabro, no mínimo) de que Rodriguez se tinha suicidado com um tiro na cabeça em pleno palco enquanto actuava. Afinal, tudo não passava de um mal entendido e Rodriguez, 30 anos depois, conseguiu apresentar-se em carne e osso a um publico que sempre o idolatrou e viu nas suas músicas e lyrics a inspiração e força para ultrapassar um tempo menos feliz, o do Apartheid.
Volto a deixar aqui o apelo para verem "Searching for Sugar Man" e, quando chegarem à parte em que ele se apresenta pela primeira vez ao publico Sul Africano, tentem, se conseguirem, descrever em palavras todo aquele cenário.
Porque hoje reentro em "modo Breaking Bad".
Porque esta música oferece um dos melhores momentos de uma das melhores séries alguma vez feitas.
Porque é um som do caralho.
Porque sim.
Porque não?
Em vez das habituais guitarradas, os Raconteurs também sabem produzir, e bem, melodias mais tranquilas.
Aqui fica esta e aproveito para relembrar mais esta que já aqui foi postada em 2009.
Partilhámos momentos muito bons e momentos bons. Nunca existiu um momento menos bom. Por vezes, através de um acto tão simples como é postar um som, conseguia-se transformar um dia banal de trabalho num dia diferente. Porque aquele acto tão simples, de postar um som, dava toda uma nova alegria aquele dia cinzento, igual aos outros. Durante uns tempos foi assim até ao dia que deixou de existir. Desapareceu sem deixar sequer um recado de despedida. Foi-se.
O tempo foi passando e eu fui esquecendo. Ontem, passeava-me à hora do almoço tranquilamente pelas ruas degradadas africanas depois de, lá está, mais uma manhã cinzenta e banal de trabalho. Distraído, tropecei nisto que vos ponho em seguida. Curioso, deixem-me levar e automaticamente o dia deixou de ser cinzento e passou a ser diferente, mais alegre. Feliz, enquanto ouvia on repeat durante o resto do dia, sempre com um sorriso na cara, ia exclamando: "Cabrão do fucking pictures!"
Olhe desculpe, queria pedir-lhe três coisas. Um café, a conta e a aptidão para conseguir parar de ouvir esta música.
O elegante jovem retira um dos seus phones do ouvido e estende o braço para colocá-lo no ouvido da gostosa garçonette. Ahh..mas eu não falo muito bem inglês não...
Responde quase automaticamente a bonita menina, enquanto sorri timidamente e mostra o aparelho que esconde o branco dos seus dentes. Vejo que ficou sem graça. Você é tímida?
Pergunta o galã. Sou não, mas agora estou trabalhando...
Responde ela, enquanto pensa numa desculpa para voltar à cozinha. Qual é o seu nome?
Pergunta ele, olhando calmamente a menina e reparando em todos os pormenores do seu corpo. Graça.
Responde ela a coçar as mãos, num claro sinal de nervosismo, ainda pensando numa desculpa para voltar ao trabalho. Muito prazer Graça. Antes de mais nada, deixe-me dizer que você é muito simpática e por isso vai receber uma bela gorjeta. Agora, vamos ao que interessa Graça. Calculo que você esteja trabalhando aqui para pagar sua faculdade ou poupar para viajar. Calculo também que depois do trabalho, se não tiver aulas, você ainda vá malhar, por isso a pergunta que tenho de fazer agora não é a que horas você sai do trabalho, mas sim a que horas você sai da academia, certo?
Pergunta ele enquanto cruza as pernas. Nossa! Agora fiquei sem graça mesmo. Saio as 18h do BodyTech aqui da esquina. Vamos tomar um chopp no bar do lado?
Este é destacado o melhor barulho de mais um fantástico conjunto de músicas com que The National nos presentearam este ano.
A cada álbum que sai destes senhores mais me convenço que estamos perante uma das melhores bandas da história.
Esta é dedicada ao Velhão Mecas que eu sei que ele vai gostar disto. John Fogerty, guitarrista dos Creedence Clearwater Revival junta-se a Dave Grohl para reeditar o clássico "Fortunate Son". Rock à antiga. Como se quer.
É difícil dizer o que nos vai na alma sobre algo que quem lê, ou não sabe do que falo, ou sabe e ainda não viu e eu não quero estragar a experiência a quem se prepara para a ter. É por isso um daqueles posts mais egoístas que outra coisa, porque é sobretudo para memória futura minha. Espero que não se importem. Isto é Matt Berninger e seus pares no seu melhor.
Durante este som os segundos vão passando e a qualidade vai aumentando.
Se o princípio me agradou, o resto entrou-me tão bem que ainda não o parei de ouvir.
Este som tem a particularidade de me deixar mais feliz sempre que o oiço.
Invejo profundamente quem conseguir presenciar ESTES DOIS SONS ao vivo no próximo Optimus Primavera Sound, que por sinal é dos melhores festivais em Portugal.
Tenho me dedicado ao shuffle nos últimos dias e, de facto, é a melhor coisa que um ipod pode ter.
Foram 12 anos sem ouvir este Smash, tempo suficiente para nos esquecermos de como há álbuns que nos marcaram uma fase da vida:
Quem não se lembra, nessa altura, de um Nordeste a abandonar o colar de missangas, de um Morales a deixar de usar, a muito custo, o sapato de vela da Portside e de um Manucho a desistir, finalmente!, de ouvir Michael Bolton.
Há músicas que valem por si mesmas. Outras que valem pela história que as trouxe aos nossos ouvidos. Depois há aquelas que conseguem juntar uma e outra característica. Essas são aquelas que, quando nos tocam, não se ficam pelos ouvidos. Tocam-nos na alma. E deixam-nos mais ricos.
Sixto Rodriguez não é Bob Dylan. Não é. Podia ser. Tem hoje 70 anos. Aos 28 lançou o seu primeiro álbum e no ano seguinte aventurou-se com o segundo. Aventurou-se. Como em qualquer aventura, tentou a sua sorte, ambicionando o reconhecimento, temendo o fracasso. É sobre essa distância que separa o fracasso do reconhecimento que a história de Rodriguez nos ensina uma valiosa lição.
Durante 30 anos o cantor de ascendência mexicana viveu uma vida de fracassado, desconhecendo que tinha atingido o reconhecimento. Durante 30 anos foi confundido nas ruas da sua Detroit natal com um sem abrigo que se passeava de guitarra às costas sem destino, sem propósito, para além daquele que inconscientemente se associa a um sem abrigo: sobreviver. Durante 30 anos o próprio Rodriguez confundiu-se a si próprio com um fracassado. Encarou a pobreza com uma altivez que nem o mais rico dos homens conseguiria ostentar. Como se houvesse uma relação entre a riqueza da conta bancária e a riqueza de espírito. Rodriguez é a prova viva de que não há.
Rodriguez nunca foi um sem abrigo. Durante 30 anos viveu numa casa dos subúrbios de Detroit, de onde saía para trabalhar na construção civil, e onde se aquecia nas noites mais frias numa lareira improvisada no chão da sala. Durante 30 anos viveu a mentira de ser um artista falhado. Durante 30 anos viu o reconhecimento passar-lhe ao lado. O que Rodriguez nunca soube, a não ser quando já estava mais próximo do fim de vida do que propriamente do início, é que tinha vendido mais de meio milhão de cópias dos seus longínquos discos. Nunca lhe enviaram um disco de platina. Nem de ouro. Nunca lhe enviaram nada. Durante 30 anos a sua voz foi ouvida centenas de meio milhão de vezes num local que ele nunca teria imaginado se lho pedissem. A África do Sul deu-lhe o reconhecimento que ele merecia ainda que ele nunca o soubesse. Até que soube.
Ao país onde era venerado tinha chegado a notícia de que ele se tinha suicidado, imolando-se pelo fogo em pleno palco. Fazia sentido. Um artista que não era reconhecido não tinha conseguido lidar com essa falta de reconhecimento. Não seria a primeira vez e certamente que não seria a última. Até que um sueco sul-africano - um homem natural da Suécia África do Sul - com a ambição de encontrar uma história, encontrou a história de Sixto Rodriguez. Mais importante que isso, encontrou Sixto Rodriguez que, por sua vez encontrou a África do Sul que o venerava.
30 anos depois de ter gravado o seu último álbum, Rodriguez foi recebido em Cape Town com honras e limusinas que julgava serem para outra pessoa qualquer. Outra pessoa que já tivesse encontrado o reconhecimento. Nunca para ele, pois ele nunca o tinha visto de perto, e não seria na África do Sul que o encontraria. No primeiro concerto na África do Sul, em vez das esperadas 30 ou 40 pessoas, encontrou 5 mil almas ávidas de o verem e, só depois, de o ouvirem. Durante 10 minutos aplaudiram-no de pé e, só depois de esfregarem os olhos, e terem a certeza que estavam perante uma verdadeira ressurreição o deixaram cantar. E então, cantaram com ele.
A história de Sixto Rodriguez ensina-nos que, na vida, o fracasso e o reconhecimento andam de mãos dadas. Ensina-nos que apenas o fracasso é garantido e que o reconhecimento, esse, nunca é alcançado. Tarde ou cedo, é ele que nos alcança.
(A história de Sixto Rodriguez é muito melhor contada neste vídeo (e melhor ainda neste documentário), do que nas linhas acima e eu recomendo que o vejam. A história de Sixto Rodriguez pode ser ouvida aqui. E eu recomendo que a oiçam.) _